Nota:

Minha foto
Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Voar.

A casa caiu, o coração partiu e o mundo se abriu esgoelado pronto para engolir-la. Não havia chão nem estrada, a fraca chama de luz se apagara e nada mais conseguiria ver à frente. Dali em diante seria apenas um caminhar lento, de tropeços e pés arrastando-se no viver. Apenas um andar adiante e necessário. O olhar sobre os ombros revendo seu passado e o fitar o chão, agora tão freqüente em sua vida, lhe cobriam com um manto de chumbo. Andaria sim porque necessário o era. Andaria pela mesma rua a reconstruir a casa, colar pedaços do coração e se fechar para o mundo.
No caminho, o mesmo despercebível mendigo, sentado na mesma esquina, que sempre a olhara de longe todos os dias, estendeu-lhe a mão, uma palma esquálida e menos afortunada ainda.
Havia algo, na mão daquele homem tão despercebível, havia algo, no olhar daquele homem tão despercebível, havia algo naquele homem, algo que ela nunca havia percebido e não compreendia :  por que ele sorria?
Ao invés de uma moeda ela apenas lhe retribuiu o sorriso. Ao invés de afastar-se ela tomou sua mão.
Foi nessa hora que lhes nasceram as asas e juntos, eles voaram dali.
(e.)


Nenhum comentário: