Nota:

Minha foto
Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Nem aí.



E eu fiquei ali sentado esperando atenção. Achava que era tão pouco um pouco de atenção. Não estava pedindo muito.
Sentado estava, sentado fiquei, esperando aquele tão pouco pedir.
A atenção não veio e de fato não viria, melhor, não virá.
A gente pode não ficar sentado às vezes, isso é certo.
Há horas que a gente tem mesmo de quebrar uns copos, dar uns puta-que-o-parius, perguntar um “que merda é essa?” e olhar bem na cara e dizer: E eu porra? Você não ta me vendo aqui não é?
Mas, cuidado, há horas também que você pode ouvir de volta um “Tou vendo sim, mas não tou nem aí pra você”.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Há porque


Não há de ter intensão
Por não ter a razão
Não há por que ter paixão
Não pelo que tem intensão
Mas pelo que tem razão.

Não há por que ter sido
Por não ter acontecido
Não há por que ter nascido
Não pelo que tem sido
Mas pelo que tem acontecido.

Não há de ter vontade
Por não ter lealdade
Não há por que ter saudade
Não pelo que tem vontade
Mas pelo que tem lealdade.

Não há de ter perdão
Por não ter gratidão
Não há por que ter relação
Não pelo que tem perdão
Mas pelo que tem gratidão.

Não há por que ter agredido
Por não ter dolorido
Não há por que ter sentido
Não pelo que tem agredido
Mas pelo que tem dolorido.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Mudanças

As vezes sinto uma saudade enorme do homem que eu era.
Aí, eu sento quietinho e espero essa saudade passar
pra não deixar de ser a pessoa em que me transformei.

Na porta


Diga a essa menina, que bate palmas na minha porta,
diga a ela que eu não estou.
Diga que eu mandei dizer que eu não estou,
Diga que eu mesmo disse, que fui eu mesmo que falei,
diga a ela que eu não estou.
Diga a ela, diga.
Diga você por que eu mesmo,eu,
eu quero mesmo é dizer que ela entre,
que me abrace e me beije,
por que eu não estou,
mas meu coração está.



Tentando esconder



Era como numa estrada de pó,
Tentar esconder o caminhar,
Era como decidir nâo andar
Como se ainda pudesse voar.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Curvas da Estrada de Santos


Todo bom caminho sobe, desce, faz curva prum lado, pro outro.
Bons caminhos são como devem ser, inconstantes.
Não há júbilo algum no caminhar reto e preciso, nos caminhos constantes tudo é previsível, não há novidades nunca e até o passado está sempre ali, à vista de quem olha para trás.
Caminhar reto não lhe oferece uma surpresa sequer.
Ando caminhando como meus caminhos, ando a fazer curvas em mim mesmo. Talvez apareça uma novidade boa ou má, após uma ladeira ou uma curva qualquer. Mas caminhar reto, não dá pra mim não sabe?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cada um


Qualquer um ouve o que você diz.
Muitos escutam o que você fala.
Alguns percebem o que você expõe.
Poucos entendem o que você expressa.
Raros assimilam o que você prega.
Mas ninguém ausculta o que você sente.

Oportunidade


Se o coração parar desça.
Aproveite o momento e pule fora 
por que o caminho da saudade é longo. 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ouve

Houve alguém que acreditava
que o sorriso retornado era tão sincero quando o seu.
Que deveria pagar sempre mais do que as coisas valiam.
Que deveria calar para não fazer sofrer.
Que deveria esperar e esperar até que tudo fosse como deveria ser.
Que um dia seria correspondido, ao menos, na sinceridade.

Houve esse alguém
que sonhava e fazia planos mesmo sabendo que os desfaria ao amanhecer.
Houve esse alguém que se dava.
Houve esse alguém que aguardava e ao passo que se dava se iludia.
Houve sim alguém que ouvia.

Que entendia, aceitava e se submetia.
Que procurava, não encontrava, mas continuava na espera.
Que abria a mão.
Que enchia o peito.
E que acolhia.

Houve alguém que tentava.
Que oferecia a outra face e perdoava.

Esse alguém, que houve um dia, não sou mais eu.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Sinal dos tempos

Não me talhei para sentir baixinho.
Quando sinto é turbilhão, é barulho, confusão.
Quando sinto é alagação.
Fazem tempos que não sinto.
Serão estes tempos de seca?
Ou serão tempos de nãos?

Full

Conserve sua metade incompleta para não correr o risco de esbarrar em alguém que possa lhe completar e essa pessoa lhe encontrar full.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Sai da frente

Se o seu caminho não é o da felicidade então me desculpe, dá licença que eu quero passar, pois esse é o meu.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Numa casa, onde quando é noite, só um cômodo tem a luz acesa,
 ou ali vive uma família muito unida ou mora apenas a solidão.

Aviso

Vou logo lhe avisando: Não acredite nunca nessas fofocas e estórias que falam a meu respeito. A verdade mesmo é bem pior.

Diálogo interno

E aí a cabeça falou: Sai dessa idiota!
E o coração, idiota, respondeu: Poxa, mas aqui tá tão bom.

Engano seu

Não se engane, quem mais te engana é você mesmo.

Poxa!

Poxa! Até na hora de errar eu ando errando errado?

Há mais

Nunca se desespere, quase sempre, nem tudo está perdido.
Se você parar para pensar direito vai perceber
que ainda há muita coisa a perder.

Puro fingimento

Não se engane não, para cada mulher que finge o orgasmo existe um canalha que finge amar.

E fazer falta


Tudo que ela queria é que alguém sentisse medo de perde-la.

Na certa

Se você ainda anda procurando a pessoa certa desista.
A essa altura ela já está com a pessoa errada.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ao luar

Eu falo daquele cara sentado na Lua.
A Lua é toda dele mas ele não tem ninguém por perto pra poder contar.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Cínico

Era cínico como um crocodilo.
Quando abria a boca para devorar suas vítimas ainda tinha a pachorra de derramar lágrimas.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Resta Um

   Um plano, um sonho, uma virtude, até mesmo o amor, no caso do amor próprio. Para que essas e outras tantas coisas aconteçam basta apenas um indivíduo.
   Mas, para a amizade, se precisam dois.
   Dois indivíduos e que os dois se precisem antes de mais nada.
  Se o outro não corresponde à isso então, talvez seja melhor parar de pensar em amizade e começar a considerar sua autoestima.
   Para isso basta só um: Você.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Antes de tudo forte

    Não fora por querência própria que Pompéia pegara aquela sétima barriga. Com o bucho às bocas de parir, veio-lhe a visagem antiga de Leôncio fungando-lhe no cangote, enquanto ela se esgoelava em vão, pois fora como de resto, a pulso, que o ajegado a abufelara às beiras do cacimbão no meio de um banho de asseio. Leôncio não valia o que o gato enterra. Vivia a bater sete freguesias sem dar ousadia ao abandono de Pompéia, que por sua feita, também não era mulher de botar canga ou cabresto em homem preferindo seu viver largado a ter um cabra fulero na barra da saia lhe pastorando. Desde que se amancebara com ele, o escroto já a tinha emprenhado seis vezes antes, sempre na curra; e em seis covas rasas ela já havia deitado, uma por uma, suas seis crias mortas.
    Sempre lhe pareceu, que assim como seus sonhos, nada que vinha de dentro dela vingava e um dia, a tudo se enterrava.
    Um vento quente, vindo do oiteiro, sacudiu os pés de planta, murchas em cacos e secou-lhe o choro grudado na cara enquanto ela dava fé do que se passava. Deu-se a bobônica. Deitada no chão de barro batido, com o fole do bucho estourado, Pompéia cubava o teto de paias velhas. Um fio fino de sol, na vertical do meio-dia, reluzia numa poça d'água entre suas pernas arreganhadas e emboladas na bainha de flores de chita, encharcadas pela água do ventre de açude pocado.
   Vieram as dores. Gemeu só. Ninguém pra ouvir. Como testemunhas daquele sofrer, só um par de alpercatas puídas e uma carne do sol, de chã-de-dentro, dependuradas junto às poucas panelas de fundo preto. De vivos por perto, só as mutucas zumbindo, barbeiros e calangos atentos por entre as frestas das paredes de taipa, que pouco faziam, parecendo só mangar do mal sucedido.
    Bamba e disleriada, agarrou-se na rede, de encerado de caminhão e arribou-se nos cambitos trêmulos escutando a latomia dos bacurins no chiqueiro, capando o gato com medo de um enorme barrão azogado. Ninguém pra acudir. Nem ao menos um canelau, filho de Deus, que tocando cabritas entre as palmas secas, pudesse lhe escutar os ais; enquanto o mesmo e conhecido, fio de sangue quente, corria-lhe, do priquito pelas pernas, feito biqueira.
   Amuletada na beirada do fogão de lenha, a barriguda arrastou-se até colar as pás rentes à parede. Deixou as costas relarem no barro até acocorar-se com os joelhos opostos. Cada pegada de ar era um suplício que fazia, seguido do bafo preso nos beiços como de quem se alivia a obrar.
    Foi o tempo de arrastar um balaio de roupa suja, fazer uma rodilha e apareceu-lhe do xibiu arregaçado, um cucuruto de cabeça molhado em sangues e gosmas. Nem olhou, cruzou os braços e espremeu o bucho como se um fora um furúnculo.
   Nesse exato momento o grito de um carcará riscou silêncio do azul misturando-se ao de Pompéia.
   Nessa hora, o tempo parou.

    No sertão tudo é lento. É sol, é pó, suor e solidão, na aridez estéril do sobreviver.
    Foi nessa lentidão abrasada que o tempo passou em silêncio, até que um choro esgoelado e faminto, acordou a parida do desmaio.
    No miolo do balaio, uma menina. A criaturinha ensebada, com moscas nos cantos dos olhos, costelas esticadas sob a pele frágil e punhos cerrados como quem desafia o destino, só sossegou quando encontrou a teta definhada da mãe.
   Agindo pelo instinto herdado das antepassadas Caiacós, Pompéia fez o praxe: Cortou o cordão do umbigo nos dentes, azuniu placenta e restos pela janela, onde os dois cachorros magros já arrudiavam na espera da bucha e arriou-se na cama de palha.
    A coisinha parida era inteira. Não era zambeta e nem parecia catroca. Não era zarolha e tinha os dedos todinhos, pois até dez, Pompéia contava certinho. Mamando com disposição de bezerra de couro branco a bichinha era coisa linda de se ver aos olhos marejados da mãe.
   Pompéia sorriu. Não lembrava mais de ter sorrido antes, ou até, se um dia sorrira, mas nessa outra hora, ela sorriu.
   — Tu vai vingá fiinha. — disse com esforço gemido pela boca falhada de dentes — Tu não vai se acabar aqui nesse nada, assim que nem eu ando me acabando. Tu vai crescer com esse leite minguado, depois no mingau de araruta e findar tirando força inté de palma seca, mas vai vingá. Minha Senhora do Rosário vai te fazê bunita e bem feitinha toda; e eu, eu vou te livrar da rola do teu pai quando tu beirar os quinze ano. Daí, com fé na Virgem, tu vira a rapariga mais afeiçoada de Caicó pronta prum coroné de posse te tomá no gosto. Aí tu inrrica e vem me buscá.
    Pompéia desejou assim, com todo o coração, um futuro melhor para sua filha; para selar esse pacto decidiu:
   — E tu fiinha, vai se chamá de Espererança.

Estratégica mente

As estratégias que traço são perfeitas no papel.
Na prática?
Bom, na prática, quase sempre,
elas não passam de brincadeira de papel.

Desculpe, foi engano


-Eu? Eu tava só querendo enganar a mim mesmo.
E você? Anda querendo enganar a quem?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

13

— 12 problemas bucais? Na minha boca não.
— 12 não querida, 13.
— 13?
— É 13, além dos 12 problemas, você ainda fala demais.



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Na moral

Recorrer à moral é sempre a melhor forma que a gente encontra para punir aqueles de quem não gostamos.


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Aff

Normalmente os que se dizem prudentes e cautelosos são no fundo um bando de conformistas.
Nunca arriscar, nunca mudar, nunca refazer, nunca se atirar.
O apenas aceitar, invariavelmente, leva ao nada.
Que morram de tédio então.

Dois errados

No fundo os dois estão errados:
O que vive suspeitando de tudo e o que confia em tudo de peito aberto.

Um dia

Costumava falar assim: É, um dia as coisas acabam acontecendo.
Até que percebi, que quando eu não fazia nada, as coisas não aconteciam nunca.

Fitness

Se tem uma ginástica que faz bem é quando eu me curvo e ajudo alguém a levantar.

Mudança de hábito

A gente vai criando hábitos e quando é um dia percebe que são os hábitos que estão criando a gente.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

É de matar

   “Vou sair pra passear, vou deixar pelo caminho brinquedinhos de matar” Acreditem, acordei hoje seis e meia da manhã ouvido essa frase. Quer pior? Era um verso de uma música que estava sendo cantada por um coro de rapazes, que corriam pela rua, em frente ao meu prédio.
   Não, mas espera aí que tem mais: Os jovens, vestindo shorts curtinhos e camisetas de malha sem mangas, tênis Conga e meias brancas, como se tivessem sido congelados nos anos 70, eram valorosos membros do nosso glorioso exército brasileiro.
   Bem em frente à minha varanda mudaram a cantiga que marca a cadência da ginástica forçada: “Se for inimigo cê já sabe como é, mata velho ou menino, mata homem e mulher”.
Parei pra pensar.
   O ministério da Educação tem 41 bilhões de reais de orçamento enquanto as “Força Armadas” recebem 54 bilhões. Mais de 90% desses 54 bilhões é gasto só com a folha de pagamento, de ativos e inativos, onde incluem-se viúvas e filhas que nem casar se casam para não perderem o benefício. Com o resto da grana acho que eles compram comida e tinta branca para pintar meio fio de quartel, que aliás, pense numa coisa bem cuidada é quartel.
   Tá bom, tá bom. Eu sei que tem muita gente boa nas forças armadas e tal, mas bem que a gente podia botar eles para apagar incêndio, prender bandido e socorrer acidentados ao invés de levar eles para passear e deixar pelo caminho “brinquedinhos de matar”.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

2+2 = 5

   O certo era não pensar, era mudar de assunto dentro da cabeça, calar o diálogo interno e abrir uma janela diferente no pensamento. Mas não.
   Ficou foi sentada na varanda, jogada numa cadeira de plástico, pensando o mesmo pensamento o dia todo.
   -Ele não vai ligar.
Na verdade, nem certeza ela tinha, se já estava bêbada ou não, quando se despediram na noite anterior e meio que “combinaram” o que fariam no dia seguinte.
   -Ele disse que iria ligar pra gente se ver.
Será que fora apenas um “Olha, a gente se fala, né?” ou até um “Vamos se falar amanhã” ? O que, necessariamente, não é a mesma coisa que um “EU TE LIGO AMANHà DE MANHÔ.
   -Eu preparei tudo aqui pra ele e esse escroto nem telefonar, telefona.
   Foi pegando pilha. À noitinha ele mandou uma mensagem no celular, dizia: Oi baby tdo bacana? q ta fazendo?
   - Baby um caralho! Cachorro! – pensou ela - Eu aqui sem fazer porra nenhuma o dia todo, esperando esse viado me ligar, e ele manda mensagem com essa cara limpa.
   E ele, aí, sem a resposta da mensagem, ligou. Ligou e ligou e ligou. Ela? Não atendeu a nenhuma chamada dele, já estava magoada demais para perdoa-lo. Bom, magoada e errada e sem razão e sem motivo e sem ter nem porque. Mas na cabeça dela tava.


E estava por que ela queria o que não tinha. Magoou-se sozinha, imaginando o ele estava fazendo, sem ela, o dia todo. Torturou-se voluntariamente, repetindo-se os ciúmes, sentira-se traída e abandonada. Desimportante, desconsiderada.
   Ele? Depois de desistir de ligar, ele passou a noite toda acordado pensando e pensando:
   - Que garota filha-da-puta, falou que ia me ligar de manhã, não ligou, aí eu, de otário, ainda mando uma mensagem linda pra ela e ela nem me atender a porra do telefone ela atende. Nunca mais eu ligo pra ela.