Nota:

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Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Calado

   Passaram-se o dia do amigo, o dia da amizade. Pessoas escreveram sobre seus amigos e sobre amigos nem tão amigos. Mostraram-se amigos, mostraram aos outros, amigos que imaginam serem seus, pediram a amigos que se mostrassem ser.
   Não o fiz. Por medo talvez, ou por crer ainda no amar.
   Há o dia do amar? Do amor? Ou do amado? Há o dia da real confiança em alguém? O dia de não trair sonhos? O dia onde você encontra alguém onde você possa descansar sua alma sem culpas, sem censuras e que seja realmente amável. Que não lhe prometa nada, mas que tente, a quem você se entregue e se divida sem culpa? Há?
   Vou manter meus sonhos no meu coração, não posso dividir o que não posso realizar. Que meus pesadelos sejam breves e que um dia eu possa descansar tranquilo.







TRADUZINDO A CANÇÃO


Se voce tem sonhos em seu coração
Por quê não os divide comigo?
E se os sonhos não se realizam
Eu vou me certificar de que seus pesadelos
sejam passageiros

Se voce tem dor em seu coração
Por quê voce não a divide comigo?
E nós apenas esperaremos e veremos
Se aconteceu o que era pra ser

E descanse com calma
descanse livre
descanse tranquilo
descanse em mim

Se voce tem amor em seu coração
Por quê voce não o deixa comigo?
Não posso te prometer um milagre
Mas eu estarei sempre tentando

E descanse com calma
Descanse livre
Descanse tranquilo
Mas descanse em mim

Descanse tranquilo
descanse em mim

Descanse tranquilo
Mas descanse em mim

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Folhetos

Para os que sonham é sempre bom desejar boa sorte. As agências de viagem ainda não têm folhetos descritivos para os que querem embarcar nessa viagem.

Machucados

Vou desistir dessa briga e fazer as pazes com meu coração. Quando brigamos, ele e eu, ambos saímos machucados. Ele e eu.

Ordens explícitas

Determinei aos meus olhos que não te olhassem mais.
Acho que eles me enganam. Quando eles estão fechados é só você quem vejo.

Finalmente

Finalmente tive uma conversa séria com meu nariz e ele prometeu nunca mais meter-se onde não é chamado.

Silêncios

Há silêncios que confortam, acalmam e nos trazem paz. Outros silêncios porém, são como soar dos canhões no Forte de Santa Maria.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

..mas não é verdade?

   E há aqueles momentos onde você nem sonha mais. Não faz planos, não deseja nem almeja, só vai vivendo como se só viver bastasse.
   Espetar a última fatia de queijo na tábua de frios e não pensar se há ou não pão, vinho, ou uma grata companhia para compartilhar. Você come só, come o queijo sem esperar nada a mais e sem ninguém pra dizer ao menos “bom queijo esse não?” É um momento só seu de lidar com o que você tem à mão e não e nada mais exigir, nem ao menos o pão ou nem ao menos o vinho.
   Pondo meus olhos nublados num horizonte nublado, escuto amenidades, bobagens, estórias de outras vidas vividas pelas outras pessoas. Aqui e ali deixo um sorriso sem culpa, uma observação sem maiores consequências, um sim, um não ou até um cínico “..mas não é verdade?”.
   Me permito engolir a última fatia do queijo. Um dia, quem sabe, haverá vinho, haverá pão. Um dia, quem sabe, haverá sonhos e planos e só viver não mais bastará.

terça-feira, 13 de julho de 2010

I've got you under my skin

Eu já tive você sob minha pele.
Eu tinha você dentro do meu coração.
Tão fundo no meu coração,
que você realmente era uma parte de mim.
Eu tive você sob minha pele.
Eu tentei tanto não desistir,
Eu disse a mim mesmo que daria certo.
Por que então eu insisti? Porque eu sei muito bem,
Que eu tive você sob minha pele.
Eu teria sacrificado qualquer coisa, viesse o que viesse,
Pelo bem, de ter ao menos, você por perto,
Apesar de uma voz de advertencia que vinha toda noite
Repetindo e repetindo em meu ouvido:
“Você não sabe bobinho? Você nunca vai ganhar.
Porque não usar a mentalidade? Volte para a realidade.”
Mas toda vez que eu voltava, só o pensar em você,
Me fazia parar antes de eu tentar voltar.
Pois eu tive você sob minha pele.



Fim do doce

...e ele cansou de esperar que ela o ouça. Agora ela, que entenda que um dia, também se esvazia, uma lata de leite, Moça.

Por fim

    Sinto saudades bem sei, sei bem que não provei, todo o seu sabor nem sei, mas sei, já sinto saudades. Não por piedade ou maldade que sinto, na falta de mim, de estar assim assim, perto e dentro de ti, a celebrar o sentir. Só sei que por ciúmes ou negligência, não me permito por decência desejar algo mais, algo que seja pequeno sequer, um beijo, um abraço, um gesto de quem me quer.
    Sei que você vai seguir, seguindo uma vida vazia, uma vida fugidia, do jeito que puder viver. Sei que não serei parte dela, que nem vou olhar da janela, sem um pedaço de ti pra ter. Pois bem, seja você. Serei eu. Seremos o que aconteceu, seremos o que não ocorreu, o acaso que não mereceu, a sobra de um amor que de mal, nasceu. Você sera você e eu, eu serei só, só eu.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Auto impotente

Pior que querer que a outra pessoa fosse diferente é ter a certeza que se você fosse diferente tudo seria melhor.

Gosto de sal

Ter a praia como lar,
Saber ficar sem beijar,
Navegar por navegar,
Remar, remar e remar.

Em estrelas se orientar,
A noite não te assustar,
O próprio sustento pescar,
Ter alguém a te esperar.

Não ter o chão pra pisar,
Se agradar do balançar,
Ter o horizonte por par,
E ouvir sereias cantar.

São coisas que só sabem
Aqueles que conhecem o mar.

Infarto

Fazer um coração parar de amar é o mais cruel dos pecados. É negar-lhe o próprio ofício: O de amar. É como romper-lhe as veias e sentar-se a apreciar o definhar.
Primeiro se apaga o brilho nos olhos, depois secam-se os sorrisos, segue-se o minguar da poesia, o sonhar, o querer tocar estrelas o não querer caminhar. Tudo murcha, tudo apaga, opaco e morno à espera do frio que virá no final.
Um coração árido não recupera o frescor por mais que se regue em lágrimas, não vê luz por mais que acenda velas de súplicas, não flora, não mais, pois a dor lhe faz crescer raízes apenas, profundas e mais profundas raízes, nunca flores.
Morem naturalmente o fígado de cirrose, o pulmão de enfisema, o estômago de úlceras, os rins de paralisia. Mas, a verdadeira parada é a cardíaca.
É no parar de amar que realmente cessa o viver.

Endereço

Dentro de mim mora outra vida que ainda não nasceu, que ainda não vive e que não tem endereço.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eliminado

Acordar pra viver é entrar em campo todos os dias para mais uma partida.
Você entra em campo, cheio de expectativas e esperanças e até cumprimenta educadamente cada adversário, gesto que conta muito.
Rola a bola e começa o jogo; a gente corre pra lá e pra cá querendo fazer parte da partida, vendo sua torcida feliz e seus companheiros satisfeitos com seu desempenho. Aí, alguém lhe passa a bola. O coração faz que sai pela boca e você corre pro ataque, centro das atenções e sentindo-se preparado. Do nada surge uma sola de chuteira na sua canela. Você cai, rola, geme, pede socorro. Foi falta diz o apito. Enquanto todos te acusam de fazer manha só você é quem sente a falta.
O jogo continua e você observa o contra-ataque sem poder fazer nada, sendo apenas mais um em campo se deslocando.
Mais um passe e a bola está outra vez nos seus pés. Agora vai dar certo; toca de tabela com o companheiro, dribla obstáculos, voleia, chuta dentro das redes. A alegria toma conta, você se volta para a torcida, espera o abraço dos amigos mas, lá de longe uma bandeira levantada lhe informa: Impedido. Não adiantou nada desejar tanto a meta nem ter se esforçado tanto. Você estava impedido confirma o replay. Melhor se esforçar mais pra não ser substituido.
Vem bola na área, todos pulam juntos e um companheiro faz contra. Você? Ali, todo suado, se matando, ferido, cansado e querendo sentar no banco, pensa em entregar os pontos.
Mas ainda há tempo para uma virada, quem sabe? Rezar? Focar? Concentrar? Enxugar o suor? Tudo é válido.
E lá vem bola, mais uma chance, há chance, a última chance. O adversário recua, o seu ponta penetra pela lateral, é você na grande área, pede a bola, “cruza, cruza, vai”. Vem sim, lá vem a redonda no ar voando na sua direção. É a bola, o peito e coração se encontrando, mata com classe e bota no chão, pé direito e bomba. Mas, em mãos mais treinadas, seu chute morre, abraçado no colo do goleiro.

Tem nada não, o campeonato da vida, com vitórias, empates e até derrotas, nunca termina. Amanhã tem outro jogo, uniforme limpo, nova bola, outra esperança.
Jogue cada partida como se fosse a primeira, nunca como se fosse a última. O importante é a gente nunca se sentir eliminado da copa.

Verde

- Pisa não, dá azar. Não, para, faz assim não, você tá judiando, não tenta pegar ela não que você acaba se machucando e pode até mata-la sem querer. Pra que pegar assim apertando? Ela não quer fugir de você. Se quer segurar então segura com carinho, com as mãos em concha, abrigando ela.
  Olha só, tá vendo? Se você não tiver medo ela vai aceitar ficar perto de você. Tenha calma ela não morde.  Não, não sei se você a alimentar ela cresce mais, só sei que sem alimento ela não vai viver muito. Talvez o melhor seja deixar ela voar por aí e voltar quando quiser. Ela é linda livre. Você não deve se agarrar nela e se ela se agarrar em você, deixa, naturalmente, com o tempo, ela cresce ou morre. Deixa acontecer.
  A esperança é um inseto verde por que tem sempre em que amadurecer.