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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Um Oscar para o Big Brother.

No país do Big Brother, falar de cinema não dá audiência na televisão e isso é um fato. Lamentável, mas um fato concreto. Portanto mesmo com a Rede Globo oferecendo antecipadamente ao mercado publicitário um pacote de cotas de patrocínio, a as edições do Academy Awards, vulgo Entrega do Oscar, correm o risco de não serem transmitidas pela TV aberta. Apenas o canal pago TNT confirma a transmissão anual da cerimônia, ao vivo, desde a chegada dos astros e estrelas no Red Carpet do Teatro Kodak, Los Angeles. Quando a Globo assumiu o contrato do SBT com o grupo ABC/Disney, não incluiu o Oscar no pacote. A “Vênus Platinada” preferiu comprar os direitos de transmissão apenas depois de garantir patrocínios que paguem as contas, assim, só se ela encontrar quem banque ( Em média R$ 750 mil cada cota com chamadas no Jornal Hoje e Bom Dia Brasil) o escandaloso comediante e mestre de cerimônias, Chris Rock ou outro qualquer, irá ao ar depois do Fantástico.
Desde 1929 a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas premia, quase que antecipadamente os melhores do cinema. Os filmes e documentários na maioria das vezes ainda não foram vistos pelo grande público quando da entrega da premiação e essa inversão se dá por um simples dispositivo: Filme premiado tem sucesso garantido. Por isso os estúdios investem milhares de dólares na promoção das películas na disputa pela estatueta, já transformada em metáfora de qualidade. Com o Oscar “na mão”, a fita correrá o mundo arrecadando milhões. O alvo deste investimento são os Membros da Academia que representam os treze ramos da indústria: atores, diretores artísticos, fotógrafos, diretores, executivos, montadores, músicos, produtores, relações públicas, realizadores de curtas-metragens e animação, especialistas de som, especialistas em efeitos especiais e roteiristas. Quem são eles? Não me pergunte. Sei que são 5.080 e que recebem em Dezembro, pelo correio, suas cédulas de votação, daí em diante é puro mistério. Talvez um dia a Academia descubra a Urna Eletrônica do Brasil e facilite as coisas, mas até lá as votações se processarão mesmo é na munheca. E tudo pode acontecer mesmo. Até empate como em 1969 para melhor atriz com Katharine Hepburn e Barbra Streisand dividindo o prêmio, ou Anthony Quinn ser escolhido melhor ator com uma participação de apenas oito minutos na tela em Sede de Viver.
O que se discute na verdade são os critérios de escolha. Sabe-se que a Academia é conservadora e ostenta sem pudor uma tendência a premiar personagens de caráter firme como policiais incorruptíveis, militares ou figuras da história e que evita, sempre que possível, laurear atrizes e atores que representam bêbados, prostitutas, malfeitores ou simplesmente evita dar a estátua ao bandido do filme. Outro fato inquestionável é que esses 5.080 membros possuem os corações mais moles de Hollywood, vez por outra sai prêmio pra personagem deficiente, órfão, pobres miseráveis, heróis mutilados tudo pelas palmas e lágrimas. A exceção, no caso de delinqüentes ou viciados, vem apenas se estes se redimirem até o fim do filme. Pesava, porém sobre os ombros dos votantes a pecha de preconceito racial visto que só em 1939, com E o Vento Levou, Hattie McDaniel foi a primeira negra a receber premiação, fato não tão grave para os padrões vigentes se não fosse esta também a primeira vez que uma, chamada na época, “pessoa de cor” pisasse os pés numa entrega de Oscar. Daí a diante só em 64 com o inquestionável talento de Sidney Poitier a Academy venceria outra vez o preconceito. Nos dias de hoje, com o “Politicamente Correto”, Halle Barry, a mais gostosa Mulher Gato de 2004, arrebatou em prantos em 2002, o troféu de 34,29 cm e 3,85 kg como Melhor Atriz ladeada por Denzel Washington e outros afro-americanos também homenageados com prêmios honorários. Foi o ano da redenção.
A cerimônia em si é mesmo meio chata e um tanto lenta, muita pompa e circunstância, smokings, longos e penteados de gosto duvidoso desfilam excitados sob o sol da Califórnia durante a sonolenta madrugada brasileira. Depois tome-lhe discurso de agradecimento, que mesmo cronometrados ao sabor do intervalo comercial dão uma canseira danada. Graças a Deus agradecimentos iguais ao de Greer Garson, melhor atriz em 42, que durou nada mais nada menos que uma hora e quarenta e sete minutos, já não acontecem mais. Porém nada disso tira o brilho do espetáculo, os balés, as canções, os registros da história de Hollywood e vez por outra um bom momento de humor. Salvo quando na TV aberta, depois de uma risadinha, os tradutores dizem: Neste momento ele contou uma piada ótima. É uma lástima mesmo. Bons momentos também ficam por conta das gafes ou cenas inesperadas como protestos contra guerras, escorregões, discursos improvisados e estrelas meio nuas. Mesmo tachado de ícone da dominação imperialista da cultura yankee quando deixa o nosso OLGA fora das indicações, assistir a entrega vale a pena sim.
Como todos os anos, existe sempre uma lista de favoritos aos prêmios. Ao contrário de anos em que concorreram filmes como Bem-Hur, Titanic e O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, quando cada um sozinho amealhou onze estatuetas, estes últimos anos as brigas teem sido boas. Façam suas apostas.

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