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Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vê-la passar.

Ela passava como passava todos os dias úteis e vê-la passar era a coisa mais útil à sua alma naqueles dias.
Vender flores na mais movimentada esquina da cidade era negócio de bom lucro. Mas ele lucrava muito mais, só em vê-la passar. Naqueles momentos ele só ouvia seus passos e todo o resto; vozes, trânsito e todos os sons urbanos, eram apenas silêncio em seus ouvidos. Só havia o toc-toc dos saltos, só havia ela passando.
Ele sonhava que todas as flores que vendia seriam enviadas para ela. Que todo aquele perfume da esquina na verdade emanava do corpo dela. E que todos os olhares que recebia eram olhares dela.
De onde ela vinha ou pra onde ela ia jamais saberia. Ela apenas passava. Ele vendia flores e sorria quando ela passava entre ele e o sol. Era assim que sua sombra o acariciava por inteiro.

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