Nota:

Minha foto
Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Respeito

   O som da realidade, que mantivera até então em silêncio, soou como um canhão do Forte do Paço de Arcos ao perceber-se tão estúpido.
   Sob os fogos das campanhas, entres os desvios das lâminas e as cargas eqüestres, ele sentara-se à luz do archote e deixara sua verve levar-se por sonhos líricos enquanto a lembrança do rosto da amada, a lhe sorrir promessas, o invadia em noites insones.
   Arrebatado pela paixão não se esquecera dela um instante. Fora tão intensa sua entrega que depois de lidas as ordens do Rei para que fosse ao campo de batalha, o poeta de poucas terras e bois, firmara no Cartório de Oeiras, o documento passando todas as suas posses para o nome da jovem campesina que amava tanto. Aquela seria a prova do seu amor, e a jura de escrever-lhe todos os dias, a promessa de sua volta.
   Fora um erro não ter abandonado a pena quando tomara a espada deixando para trás Lisboa, a poesia e a moça. Antes o tivesse feito ao revés de escrever-lhe, todos os dias, tantos poemas e cartas de amor, como quem tenta agarrar-se à vida imitando o murmúrio dos soldados moribundos nas precárias enfermarias naquele século XIX.
   Aquele brilho de olhar oferecido, despachado ao fidalgo, pela moça do campo, anos antes num encontro casual, o seduzira como quem oferece a jacá de milho à besta faminta. Nos seus encontros semanais à porta da catedral, ela alimentara suas esperanças com gestos e sorrisos calculados à ábaco. Fora uma paixão instantânea que apagara toda a estória de vida passada. Agora ele sabia que também lhe apagara a sanidade.
   Que perda de tempo irreparável fora aquela? Que esperdício lamentável de versos e prosas num lastimável escrever à toa. Aquelas cartas, que se estenderam por quase toda a Guerra Peninsular, agora lhe doíam no peito mais que todos os ferimentos de batalha.
   Mais que isso, doía-lhe o silêncio guardado agora perdido num estrondo bélico.
   Por todo aquele tempo ele aguardara, todas as manhãs, o retorno do Correio Real. Todos os dias ouvira dos carteiros emplumados a resposta do vazio indicando-lhe resposta alguma às cartas remetidas. Cada vez que ele escutava um não em algum lugar do seu peito se apagara uma canção.
   Aconselhado pelo capelão ele escreveu então ao bispo. O que se passara à moça? Ainda ia às missas domingueiras? Recebera ela suas cartas?
   Aos sete dias contados de espera torturante veio-lhe a missiva:
   -- Esquece a vil ordinária meu pobre poeta, pois a cuja vendeu de pronto tudo que conquistastes. Segue ela agora à Paris ajuntada a um raso das tropas de Napoleão enquanto sonha com riquezas. Em breve estará novamente a fazer varejo de seus predicados à espera de trocar sorrisos por posses. – e seguia a carta.
   A verdade abriu-lhe todas as feridas. A imagem que cultivara da moça ruíra antes mesmo de suas lágrimas terem lavado o selo do bispo no lacre vermelho.
   O que ele buscara nela não encontraria mais. Buscara o amor de verdade o que na verdade, não se deve buscar.
   Na última imagem avistada do poeta ele saltava as trincheiras, florete em riste, correndo e bradando versos inúteis na direção do inimigo numa última carga suicida.
   O amor pode morrer na verdade, mas até o respeito morre na mentira.




quinta-feira, 26 de novembro de 2009

100 sentidos

Dá-se às mulheres o privilégio de se sentirem e de se permitirem sentir coisas quaisquer. Sentirem-se bem, mal, sem. Sim sentirem-se “sem”. Sem alguém, sem ninguém, sem porquês, sentirem esses tipos de sems.
Sentir arrepios em chios, pensamentos sombrios, mulheres se sentem a si. Hoje belas amanhãs nem tanto, mudam os sentires como se os tirassem do guarda-roupas. A alma feminina é toda sentir, das cólicas aos grandes amores, das culpas aos temores, mesmo até, sentirem raros humores.
Acintosamente confundem o pensar e o sentir e no fundo mesmo, não os sabem distinguir.Fazem-se assim sentir sem distinção, sentem até sem razão e o chamam de intuição. Será ilusão? Deus! Mulheres sentem a alma, de que falava, calma, lavada, vazia, renovada. Plenas, sós, a fêmea faz a garganta em nós. Sente vontades de explodir, de fugir, de partir, de ir e chama a tudo isso de sentir e ao se sentir assim se sentem sim.
Contraria a física a mulher, que capaz, se sente magra? Que sem perceber sua presença sente-se ausente? Poderosa? Há a mulher que se sente só. Sente dó o que a faz madura, se sente insegura, se sente mal e ao final, há a que diga sim – Estou me sentindo meio assim.
Que bom poder sentar-me aqui nessa varanda e apenas observar seus sentires.
A nós, homens de tantos fardos imaginários, forças fingidas e profundos pensares, caberá apenas perceber que há, em cada uma de vocês, um sentir ímpar, rogando pelo dia em que ao menos um sentimento deixe de ser privilégio de vocês, o de sentir-se amando.
-- Entendo hoje que o amor é pra se sentir e não para se entender.


Feridas

As vezes é preciso uma decepção, para aprendermos que a vida não é feita apenas de alegria, e sim de tentativas.
A grande glória não reside no fato de nunca cair, mas sim no levantar sempre depois de cada queda.

Perto

Para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Finalmente

E se tomaram à varanda, braços dados, ombros colados e no caminho de pétalas ela pisaria distraída como se nada daquele clima a pudesse fazer corar. O corte perfeito do vestido se estenderia até o seu mais longo imaginar, e dela, emanava o cheiro de quem cheira a promessas encabulando as flores e até o próprio cheiro do mar. Cabelos perfeitos, unhas bem feitas, pele lisa e maquiagem absolutamente impecável. Mas nada na sua beleza seria mais importante que sua presença.
Ondas cismavam a romper as notas da orquestra, enquanto perto às velas da mesa, tremeluziam vaga-lumes ensaiados a replicar o ritmo da canção.
Dançaram imediatamente, o vinho que os esperasse. O futuro poderia ficar pra depois, as dúvidas também, e que bem-vindos seriam os sonhos, o simples desejar de que ela fosse nada ou nada tivesse a dizer, e ele, não fosse ninguém. Sem passado, sem nada passado, sem terem passado nada até aquela noite sob aquele céu estrelado naquela varanda.
Giravam e giravam ao som da música e uma nova música ambos escreveriam.
Após jantar, dançar, deitar e acordar sem ter dormido, uma carruagem de promessas os levaria adiante. Renascer, reviver, redescobrir que nunca haviam vivido, apenas existido. A partir dali jamais seriam os mesmos. Seriam plenos, perfeitos, harmônicos.
Cresceriam juntos e juntos ficariam.
-Toma essa chave. Ela abre teu futuro e destranca o meu.


Dei-me a traduzir sem perceber

O simples pensamento em você,
e eu me esqueço de fazer
as coisinhas mais comuns
que todo mundo tem que fazer.

Estou vivendo numa espécie de sonho acordado.
Estou feliz como um rei
e por mais tolo que possa parecer,
para mim isso é tudo.

A simples idéia de você,
o desejo aqui por você,
você nunca saberá como os momentos passam lentamente
até que eu esteja perto de você.

Vejo seu rosto em cada flor
seus olhos nas estrelas lá no alto.
É simplesemente o pensamento em você,
o simples pensamento em você, meu amor.





The Very Thought Of You. Me mata sempre. Me fala sempre e sem pensar dei-me a traduzir sem querer.

Sobre Vinho

"Enólogo é o cara que diante do vinho toma decisões, e Enófilo é aquele que, diante das decisões toma vinho" (de Luiz Groff).

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

À mão

Foi pensando ainda em ir que ele parou o seu mundo sem saber para onde queria mesmo continuar caminhando.
Foi no silêncio do não poder se abrir que caíram sobre seus ombros todas as dúvidas.
Nunca orara suplicando cargas mais leves, e sim ombros mais fortes; mas o peso do momento quase o sufocara. E refletia e refletia ao passo que a vida, a dele e de outros, se esvaía.
Fizera amigos, tivera amores e já havia escrito uma história. Morrer não; seria demais acabar assim. Assim só. Assim, só acabar. Como quem se acaba só. Seria um só se acabar. Em si.
Seria preciso tenacidade, perspicácia e gentileza, pois fora na candura que pautara sua vida. Jamais fazer a dor, jamais se justapor, e ao não impor se submeter. Quereria outra vez o bem já impossível.
Sua alma então se fez em silêncio esperando o alarde ao aguardo, relegando aos anjos toda a responsabilidade do seu porvir.
Nada sabia da alma humana, deixando isso aos anjos.
Eles que se tomem de preocupações com tantas almas.
A ele, restaria o dedilhar das letras do viver em cordas de linhas pobres.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

À porta

Ela ainda se enrolava nua sob os lençóis, como fazia todas as manhãs fitando a porta. Estúpida expectativa de que ela, a porta, voltaria a se abrir. Trancada em si, ela própria sim, continuaria nua enrolada sob lençóis, como fazia todas as manhãs, tardes e noites, fitando a si mesma.
Precisava de um porquê como precisava de ar.
Sabia por que as paredes desbotavam, por que móveis se empoeiravam, por que não haveria mais perfume, música ou paladar. Sabia bem o porquê de chover torós quando a lembrança dele lhe vinha aos olhos. Sabia do frio, do silêncio, do vazio.
Janelas fechadas para que nem um raio de sol lhe fizesse a promessa de um novo dia, tomava o sofrer por companhia mesmo ciente que essa dor não a aqueceria, nada diria e a nada, poderia preencher.
Neste escuro oco fitava a porta e a si mesma. Sem porquê, sem reposta, afogava seu futuro no oceano da saudade.
Saudade não de perceber que estavam separados, e sim por saber que um dia estiveram juntos.
Nada é eterno, tudo irá durar apenas o tempo necessário para se tornar inesquecível.



Alfabetizando

Que se aprenda então o "A" de amar, o "B" de beijar, o "C" de carinho, o "D" de desejo, o "E" de entender, o "F" de fé, o "G" de gozar, o "H" de hoje e no fim desse começo, que se aprenda o "I" de impossível.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Liberdade

Há a inveja dos pássaros sempre sim.
À eles tudo parece mais fácil: Bicar, comer, cantar e pôr, e também, em especial, o tal voar; ai Deus, o invejável voar. Quem nunca o quis? Quem nunca olhou pássaros na mais tenra idade, cheio de inveja, e quis voar? Um voar misto de fugir, de poder ir, de chegar a lugar nenhum sendo todos os lugares apenas um pouso.
Voar como os pássaros; um puro desejo impossível. Apenas plausível e sonhável, e emocionalmente reconfortante nos momentos de dor.
Dor pela dor de saber, que não é como se desejou, pela dor de não ter, em si, a plenitude sonhada, pela dor de nunca ter sentido os planos secretos realizados, por se fazer aceitar, por se fazer tão cotidiano e fugaz, por se negar ao chão pisado e conhecido, por não ter feito alguém feliz, por querer voar; sumir, partir, se justificar. O querer liberdade.
Querer voar não é solução. O buscar sem coragem não resolve nada.
Não se alcança a liberdade buscando a liberdade.
Busque a verdade. A verdade liberta.
A liberdade não é um fim, mas uma conseqüência.
Pare de querer voar.



Razão

O ruim não é morrer ao fim da vida, e sim viver morto.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Segurança

Bom saber que há algo só nosso e de mais ninguém.
Bom saber que há segredos que nunca confiamos à outra pessoa.
Bom saber que nesse momento sou só eu.
Há coisas que não se deve fazer, há coisas que ninguém pode saber, há coisas que não deveriam ter sido feitas ou até mesmo ditas.
Se não quer que saibam não as faça. Ao menos, não as conte.

Se amar em si

Passara sim todos aqueles anos lembrando o primeiro aperto de mão.
Por trás da mão estendida, havia um rápido sorriso, daquela total desconhecida, que invadira seus olhos sem pedir licença. Apenas um sorriso num rosto sem história, sem passado, sem perfil, mas, era o sorriso que, sem saber, esperara toda a vida.
Tantas foram as suas paixões, amores até, tantos foram os dias com tantas em que vivera em paz, sem saber que havia sim, um sorriso como aquele no quase fim da sua própria estória.
E vieram os dias. Viera o conviver, o ver e o conhecer, até que daquele sorriso nascera o desejar. Um desejar de tudo. De dar as mãos, de estar perto, de contar segredos, de confiar, de rir das coisas bobas e de chorar ao ver um filme, de passear e ver o mar; de contar estrelas e fazer poemas, cantar canções, serem corações, de elogiar o cabelo, enrolar-se em lençóis, decorar nomes e redecorar casas; viria o desejar repartir, amparar, cuidar, conviver; viria o que alguém disse um dia ser amar. Vivia sem contar quantas vezes respirara, mas sabia quantas vezes ela lhe tirara o fôlego.
Mas durante todo o tempo amou só, sem reflexo. Amou sem ser amado.
Até que desistiu daquilo que mais amava por não conseguir mais se amar em si.
E a partir dali, talvez, voltaria a ser feliz.



São coisas diferentes

Há os que são, há os que pensam que são e os que deveriam ser.
Há o que existe, o que parece existir e o que deveria existir.
Há o que foi feito, o que parece ter sido feito e o que deveria ser feito.
Há o que acontece, o que parece acontecer e o que deveria ter acontecido.
Saber distinguir a diferença é tarefa árdua.
Aceitar tais diferenças é tarefa impossível.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Correr à Bia

Eram sim frios os Maios naquelas montanhas e mais frios eram ainda os olharem sentidos por todo o vale. Ter perdido os sapatos, molhado anáguas e desengranzado cabelos não era nada diante da tamanha aflição do correr.
Eram paços e tropeços, suspiros e frissons, apenas uma perna ante a outra num sincopado e demente caminhar às pressas. Corria, queria voar dali, não poderia, queria atingir a guarda e salva paz que não havia. Então corria.
Escaparia talvez. Iria até onde não haveria olhares, julgamentos, sentenças. Findaria na calma do apenas ser o queria ser e só ai então poderia sorrir novamente. Não mais haveria a realidade a lhe tomar os sonhos tomando-lhe em força os ombros fazendo-a estancar seu pensar.
Era só correr dali e pronto: Arco-Íris no horizonte.
A bagagem só um livro colado ao peito. Letras e letras e dizeres e falares aos quais amava sem preceitos. Só os amava ao passo que os ama só.
Eram um livro, um sonho e uma alma em desembestada correria sem se saber do que ou por que corria.
Mas ela sabia.
Corria de si mesma, e assim mal correndo sabia que jamais fugiria de si.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Bia

..então ela correu sélere , pés descalços ante aos ladrilhos frios, um livro à mão e no peito, uma esperança de chegar a qualquer lugar.

Defeitos

Saber amar é amar todos os defeitos antes de acolher as virtudes.

Um não

Cada vez que ele escutava um não em algum lugar do seu peito se apagava uma canção.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Cega

Aguardei em silêncio como caladas aguardam todas as verdadeiramente inocentes. Como se, sem ter a culpa, contássemos com a benevolência ao menos de um talvez.
Mas não. Ele parecia brincar outra vez com as minhas verdades. Faria caras de doído, de você não deveria ter dito aquilo, caras de doeu em mim enquanto sim, em mim, a dor era real e não a fingida como era a dele. Parecia o mesmo truque ordinário e já contumaz, onde me colocar na parede era a prática, o veto, a censura, o fique quieta porque você está errada.
No seu estalar de dedos eu estaria de volta. E ele faria outra vez e outra vez faria, e eu, por mais uma nova vez, diria sim. Diria sim ao que tenho e penso estar construindo, cravando as unhas numa realidade que só eu construí e da qual não me permito mudanças.
E ele sumiria e voltaria para me possuir num sorriso, num dos seus gestos, calculados ou não, que reconheço na raiz, mas contra os quais não tenho nãos.
Então eu olharia suas mãos, sua boca, seu jeito de falar. Me faria em paixão pelo que ele deveria ser, pelo que construí nele pra mim.
Cega ao que ele realmente é, eu o redesenho assim sem nada que não pode e não deve fazer parte de mim.
—Deixe meus olhos como estão, dói menos assim.


Super-herói

E até que estava indo bem. Criara um novo personagem capaz de, quem sabe, matar o que era antes. O novo saberia voar, balas não o machucariam, sua visão veria outras coisas diferentes das coisas que não queria ver mais, teria superpoderes. Não sentiria a dor e saberia sorrir.
A cidade inteira sentiu-se feliz com a mudança. Agora todos estariam seguros, pois ele estaria por ali para protegê-los.
Enfrentar os inimigos ficara fácil. Sentia-se orgulhoso com a nova personagem e sua alegria era contagiante. Tornara-se o que deveria ser.
Mas ainda não era o que queria ser.
Quando tirava a fantasia diante do espelho, para ele mesmo, sua verdadeira identidade não era mais secreta.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Saber andar

Só se aprende a escalar uma montanha depois de tropeçar na primeira pedra.

Ambição

Haverá sempre aquele que tem, aquele que não tem e o que se satisfaz com o que tem. Fico com aqueles que querem mais.

Chuva

Não há chuva que lave o sal da alma,
não há alma que se lave em lágrimas,
não há lágrimas que se escondam na chuva.
Haverá sempre sal nas lágrimas, e em toda chuva, haverá saudade.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Inútil

Nos nossos sonhos mais íntimos somos todos órfãos. Não há colo nem guarida.
É apenas esse remoer silencioso do pensar formulando frases sobre você mesmo, sobre desejos e ambições sem a complacência do interlocutor. É você e sua própria alma nua, despida de qualquer compaixão. Um só. Só em seus pensamentos. Por vezes uma terra fértil, alegre, feliz, cheia de esperança que supre suas carências, mas, por mil vezes ao revés, tudo não passa de dores em ondas a se repetir num cáis real, sólido e impassível.
O pensar em como teria sido, o pensar em como gostaríamos que fosse, o pensar em como chegamos ao que somos sem termos sido o que queríamos ser. E vem em ondas. A espuma inconclusiva se espraia lhe tirando o ar, sem resposta, sem realidade possível e pior, sem ninguém a lhe ouvir pensar tudo isso.
Louvemos então os tolos, os fúteis, os superficiais, que nada pensam só agem. Sem medir, sem análise, sem senão ou talvez, eles fazem o sem pensar e assim, se fazem.
Mania estúpida de pensar e refletir antes de fazer; ao final, virá o tempo a lhe consumir por não ter feito, por não ter dito e não ter sido. Por ter perdido o próprio tempo a pensar.
-Será que ele pensa em mim?
Pronto. Mais um pensamento inútil e sem fim.