Nascida lagarta, frágil e faminta, gastou metade da curta vida em vão pra enfim vir a ser o que é. Vive então pelo mundo num inconcebível esforço de viver, sempre a se esquivar de bicadas precisas e ventos cruéis, nessa vidinha de migrar interminável a que se propõe, apenas em busca da parceria certa. O mínimo frio lhe paralisa as asas, que horas servem de aviso inútil “Não me coma.”, horas lhe permite o induzido desaparecer camuflado e breve repouso.
Para se alimentar precisa sorver o néctar mais profundo das flores, para beber se expõe em águas rasas e quase tudo à sua volta parece conspirar para que padeça.
Imagine tentar caminhar feliz enquanto lhe arremessam centenas de bolas de boliche. Para ela, seria apenas mais uma chuva.
Mesmo assim ela voa e é linda ao voar.
No fundo, somos todos borboletas.
e.
e.
3 comentários:
Meu amigo, vou morrer borboleta.
Eu tenho essa sensação de ter gasto metade da vida em vão ...
Espero, pelo menos, ser borboleta em algum momento da vida.
:)
Lembra de voar menina de Óculos. De voar.
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