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Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Analgésico

   O seu abraço era um sonho tão perfumado, quanto são perfumadas as lembranças de uma infância feliz.    Tomava assim, o seu abraço cheiroso, tendo ganas de fechar portas e janelas para que durasse mais.
   Aumentava o aperto do braço sobre os ombros, colava o rosto um tanto mais, dava-lhe a cintura. Sentia as coxas de ambos trocarem segredos e promessas enquanto aqueles, alguns segundos de sonho abraçado, extendidos até o limite tolerável do socialmente aceito, aparentasse ser apenas um abraço. Mas não o era.
   – Durma bem – ele diria.
   – Você também – ela diria.
   O sabor das quatro palavras ficaria escrito nas paredes.
   Morreria em “ais”, enquanto caminhasse até sua casa, guardando mais o quanto ele a encantava, do que o quanto ele a maltratava com o silêncio.
   Não seguiria reto. Não andava a lhe encantar a retidão. A dúvida, essa sim, andara a ser a sua nova companheira.
   – Quando seremos? Como seremos? O que seremos? – pensaria.
   E longe, seus olhos choveriam marés de saudade e desejo, mesmo sabendo que dentro dela, ele a doía um tanto assim. E doeria até uma próxima despedida, quando um novo abraço analgésico, enchesse seu coração de alegria.

Um comentário:

RJorge disse...

Nossa ke maneira mais linda de colocar uma esperança...ja passei por isso.Saudades David,bjins