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Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Vida de bailarina.

Ali era o real. O físico, o químico e o emocional existiam. Calos, varizes e luxados, torções e machucados, se mesclavam às dúvidas, anseios e incertezas, e a um suplicante rosário de vazios no peito, todos sem chãos, sem nós e sem amores.
Era a coxia. Ali ainda era o mundo mal e real onde aguardava entrar em cena.
Até que veio a luz.
Lançou-se ao ar em salto preciso, salto calculado, estudado e praticado como quem usa um bisturi aos olhos da platéia. Mal tocou o chão de tábuas, lançou-se ao ar novamente em fuga de fôlego e num rodopio ímpar, espalhou sua graça pelo teatro. Sorria a bailarina. Só a música a possuía neste outro mundo fugaz completamente entregue.
Quanta graça, quanto encanto. Só sonhos e um feliz bailar. Ali não havia espaço para a dor de viver. Ela era pura dança. Espetacular.
E a platéia ergueu-se em aplausos entusiásticos, em hurras e vivas a sua arte.
Uma reverência, um ramalhete jogado aos pés e já estava a cortina a se fechar outra vez.
Por trás do pano pesado, o fim dos refletores.
Torções e machucados, de volta aos bastidores.
Guardarei em mim os passos da bailarina e pra sempre serei ungüento para suas dores na coxia.


3 comentários:

IMPRENSA ROSA disse...

A presença de palco é mesmo fundamental ...

Lu disse...

Vc tem feito minha pequena porção de massa cinzenta trabalhar dobrado...rssrsrs
Já é complicado, diariamente, acompanhar a Manu, imagine o meu esforço quase sobrenatural pra ti entender...
bjos e uma semana iluminada pra vc!

IMPRENSA ROSA disse...

David,

Parece que somos bruxuleantemente difíceis.