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Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Memória amarga.

Recostado ao balcão da varanda e olhos perdidos no horizonte de luzes aos seus pés ele mordeu os lábios mais uma vez. Na noite quente, a fria solidão era sua maior inimiga. A solidão fazia-o pensar quando pensar era tudo que ele não deveria fazer.
Ultimamente ele andara mesmo a lembrar velhas bobagens amareladas pelo tempo e nesses vazios da alma, copo à mão e cigarro nos lábios, voltava-lhe a mesma dor passada, que repassada mais uma vez, faria doer tão agudo quando da primeira vez.
Indiferente ao seu penar a memória o traía. O longo e fino cabelo sobre o rosto já se grudava às lágrimas enquanto o corpo nu tremia sem porque.
Subir-lhe-ia então à boca o sabor do vinho velho e azedado que mataria sua sede estúpida. Releria cartas mentalmente, ecoariam palavras ao telefone, reviveria imagens turvas de cenas que nunca presenciara.
Com o mundo nas mãos, ele açoitaria ao vento a ânsia do seu presente desejando nunca ter tido passado e não se permitiria vontade alguma de viver qualquer futuro.
Há coisas que a gente nunca esquece e ao mesmo tempo nunca deve lembrar.
—Algum dia voltarei a ser feliz e então, estarei vazio de você.

3 comentários:

Erica Vittorazzi disse...

E se nos permitir, isto acontece: Ser FELIZ de novo!!

Belo texto!!

Bruna Guedes disse...

Gostei

Vida... disse...

Sempre há tempo...