Nos nossos sonhos mais íntimos somos todos órfãos. Não há colo nem guarida.
É apenas esse remoer silencioso do pensar formulando frases sobre você mesmo, sobre desejos e ambições sem a complacência do interlocutor. É você e sua própria alma nua, despida de qualquer compaixão. Um só. Só em seus pensamentos. Por vezes uma terra fértil, alegre, feliz, cheia de esperança que supre suas carências, mas, por mil vezes ao revés, tudo não passa de dores em ondas a se repetir num cáis real, sólido e impassível.
O pensar em como teria sido, o pensar em como gostaríamos que fosse, o pensar em como chegamos ao que somos sem termos sido o que queríamos ser. E vem em ondas. A espuma inconclusiva se espraia lhe tirando o ar, sem resposta, sem realidade possível e pior, sem ninguém a lhe ouvir pensar tudo isso.
Louvemos então os tolos, os fúteis, os superficiais, que nada pensam só agem. Sem medir, sem análise, sem senão ou talvez, eles fazem o sem pensar e assim, se fazem.
Mania estúpida de pensar e refletir antes de fazer; ao final, virá o tempo a lhe consumir por não ter feito, por não ter dito e não ter sido. Por ter perdido o próprio tempo a pensar.
-Será que ele pensa em mim?
2 comentários:
toda vez que leio suas gotas misturo minhas lágrimas à elas.Não sei porque as leio, já que me fazem imaginar que sou eu aí.
Pena seu anonimato, mas agradeço o gesto.
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