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Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

À porta

Ela ainda se enrolava nua sob os lençóis, como fazia todas as manhãs fitando a porta. Estúpida expectativa de que ela, a porta, voltaria a se abrir. Trancada em si, ela própria sim, continuaria nua enrolada sob lençóis, como fazia todas as manhãs, tardes e noites, fitando a si mesma.
Precisava de um porquê como precisava de ar.
Sabia por que as paredes desbotavam, por que móveis se empoeiravam, por que não haveria mais perfume, música ou paladar. Sabia bem o porquê de chover torós quando a lembrança dele lhe vinha aos olhos. Sabia do frio, do silêncio, do vazio.
Janelas fechadas para que nem um raio de sol lhe fizesse a promessa de um novo dia, tomava o sofrer por companhia mesmo ciente que essa dor não a aqueceria, nada diria e a nada, poderia preencher.
Neste escuro oco fitava a porta e a si mesma. Sem porquê, sem reposta, afogava seu futuro no oceano da saudade.
Saudade não de perceber que estavam separados, e sim por saber que um dia estiveram juntos.
Nada é eterno, tudo irá durar apenas o tempo necessário para se tornar inesquecível.



Um comentário:

Vida... disse...

"Nada é eterno tudo irá durar apenas o tempo necessário para se tornar inesquecível."Lembranças... apenas momentos... como leve brisa...