Em seus momentos de tristeza ele catava alegrias alheias. Discretamente as roubava à distância, sem mesmo ele, o ladrão, perceber que o fazia.
Roubava o sorriso de um pai que ensina o filho a soltar pipas. Se apropriava do beijo displicente, dado na boca, pelos namorados. Colhia a conversa, divertida e sem compromisso, da família reunida no café da manhã. Furtava o carinho da netinha dedicado às veias cansadas na mão do avô. Raptava o encanto das moças, a provar sapatos novos nas lojas da cidade. Surrupiava o abraço contemplativo do casal diante da reforma da casa concluída.
Quando encontrava a tristeza, era ele próprio o patrono da alegria, pois agindo assim, alimentaria a si mesmo.
Seguiria saqueando a alegria dos outros, em outros mundos que não eram seus, até perceber que a felicidade só é plena, quando você também faz parte daquele momento e aquele momento, faz parte de você.
“Solidão não é chorar sozinho.
Solidão é não ter com quem sorrir.”
3 comentários:
Você consegue escrever coisas que tocam minh'alma e me fazem enxergar beleza em coisinhas minimas, pequenininhas e tão importantes...
São coisinhas que passam sem a gente ver.
Invejo você por enxergar essas coisas e muito mais por você conseguir colocá-las em palavras. Incrível.
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