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Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eliminado

Acordar pra viver é entrar em campo todos os dias para mais uma partida.
Você entra em campo, cheio de expectativas e esperanças e até cumprimenta educadamente cada adversário, gesto que conta muito.
Rola a bola e começa o jogo; a gente corre pra lá e pra cá querendo fazer parte da partida, vendo sua torcida feliz e seus companheiros satisfeitos com seu desempenho. Aí, alguém lhe passa a bola. O coração faz que sai pela boca e você corre pro ataque, centro das atenções e sentindo-se preparado. Do nada surge uma sola de chuteira na sua canela. Você cai, rola, geme, pede socorro. Foi falta diz o apito. Enquanto todos te acusam de fazer manha só você é quem sente a falta.
O jogo continua e você observa o contra-ataque sem poder fazer nada, sendo apenas mais um em campo se deslocando.
Mais um passe e a bola está outra vez nos seus pés. Agora vai dar certo; toca de tabela com o companheiro, dribla obstáculos, voleia, chuta dentro das redes. A alegria toma conta, você se volta para a torcida, espera o abraço dos amigos mas, lá de longe uma bandeira levantada lhe informa: Impedido. Não adiantou nada desejar tanto a meta nem ter se esforçado tanto. Você estava impedido confirma o replay. Melhor se esforçar mais pra não ser substituido.
Vem bola na área, todos pulam juntos e um companheiro faz contra. Você? Ali, todo suado, se matando, ferido, cansado e querendo sentar no banco, pensa em entregar os pontos.
Mas ainda há tempo para uma virada, quem sabe? Rezar? Focar? Concentrar? Enxugar o suor? Tudo é válido.
E lá vem bola, mais uma chance, há chance, a última chance. O adversário recua, o seu ponta penetra pela lateral, é você na grande área, pede a bola, “cruza, cruza, vai”. Vem sim, lá vem a redonda no ar voando na sua direção. É a bola, o peito e coração se encontrando, mata com classe e bota no chão, pé direito e bomba. Mas, em mãos mais treinadas, seu chute morre, abraçado no colo do goleiro.

Tem nada não, o campeonato da vida, com vitórias, empates e até derrotas, nunca termina. Amanhã tem outro jogo, uniforme limpo, nova bola, outra esperança.
Jogue cada partida como se fosse a primeira, nunca como se fosse a última. O importante é a gente nunca se sentir eliminado da copa.

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