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Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Deitado

Era antiga na garganta aquela contradição. Aquele sentar-se ao piano e não ser capaz de tocar uma nota sequer aparecera outra vez. A quase familiar falta de sabores, aromas e graças agora estavam mais freqüentes.
Naqueles momentos era como se o preto, ou o nada, fossem suas únicas opções.
Olhar os pincéis limpos, ímpios, distantes da tela imaculada era prova do seu silêncio de emoções. Era o nada e ele a se contemplar.
Não havia tinta na pena, cordas no bandolim e centenas de livros, páginas em branco, observavam o artista oco de si mesmo.
Poemas e canções, quadros e fotografias se espremiam no seu coração calado de inspiração.
— Meu bem? Você não vem deitar? — a voz ecoou num corredor imaginário.
Já havia tempo ele estava só naquele apartamento. Já fazia tempo havia se deitado e já havia tempo que ele não desejava levantar-se.

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