Ainda espero você chegar. Quem sabe seja um chegar e ficar? Quem sabe até seja um nunca ter partido. Seja um voltar a estar unidos, sem ruídos, sem doídos, como quem alveja lençóis e os põe ao sol, sem a menor vergonha, onde não há manchas dos passados a macular a relação onde tudo e a tudo foi perdoado.
Espero em vão? Sei não, ou não sei se não, sei lá nem sei. Sei que esperei e continuo aqui esperando tomar sua mão em minha mão e andar ao seu lado como se ao seu lado fora sempre o meu lugar.
E caminhar na praia.
Ver a espuma branca de ondas mornas e suaves escoando entre seus dedos dos pés, barra de vestido molhada em algodão transparente, colo de seios à mostra sem pudor e o pouco cabelo ao vento espalhando a luz dourada de um pôr-do-sol. Sem destino e sem caminho seria só um estar junto no rumo, sem questionar o pra onde muito menos o porquê. Por que? Por que o horizonte desse mar seria a fronteira mais tangente do possível alcançar ao seu lado. Em mim haveria força, risos, competência e talento, pois de você vem a inspiração. De você vem meu viver e meu porquê de ainda estar aqui.
E se você não vier, não voltar, não chegar, não serei mais eu aquele a esperar, serei um nada sem poder te beijar, te tocar e te abraçar. Serei onda sem mar, serei canto sem par, serei só e mesmo só, estarei só a te esperar.