O certo era não pensar, era mudar de assunto dentro da cabeça, calar o diálogo interno e abrir uma janela diferente no pensamento. Mas não.
Ficou foi sentada na varanda, jogada numa cadeira de plástico, pensando o mesmo pensamento o dia todo.
-Ele não vai ligar.
Na verdade, nem certeza ela tinha, se já estava bêbada ou não, quando se despediram na noite anterior e meio que “combinaram” o que fariam no dia seguinte.
-Ele disse que iria ligar pra gente se ver.
Será que fora apenas um “Olha, a gente se fala, né?” ou até um “Vamos se falar amanhã” ? O que, necessariamente, não é a mesma coisa que um “EU TE LIGO AMANHà DE MANHÔ.
-Eu preparei tudo aqui pra ele e esse escroto nem telefonar, telefona.
Foi pegando pilha. À noitinha ele mandou uma mensagem no celular, dizia: Oi baby tdo bacana? q ta fazendo?
- Baby um caralho! Cachorro! – pensou ela - Eu aqui sem fazer porra nenhuma o dia todo, esperando esse viado me ligar, e ele manda mensagem com essa cara limpa.
E ele, aí, sem a resposta da mensagem, ligou. Ligou e ligou e ligou. Ela? Não atendeu a nenhuma chamada dele, já estava magoada demais para perdoa-lo. Bom, magoada e errada e sem razão e sem motivo e sem ter nem porque. Mas na cabeça dela tava.
E estava por que ela queria o que não tinha. Magoou-se sozinha, imaginando o ele estava fazendo, sem ela, o dia todo. Torturou-se voluntariamente, repetindo-se os ciúmes, sentira-se traída e abandonada. Desimportante, desconsiderada.
Ele? Depois de desistir de ligar, ele passou a noite toda acordado pensando e pensando:
- Que garota filha-da-puta, falou que ia me ligar de manhã, não ligou, aí eu, de otário, ainda mando uma mensagem linda pra ela e ela nem me atender a porra do telefone ela atende. Nunca mais eu ligo pra ela.
Um comentário:
è isso mesmo. Você sabe tudo!
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