Nota:

Minha foto
Menino besta cheio de sonhos aprisonado no corpo de um homem sóbrio e cheio de desejos.

Escolha a dose.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Por algo novo

Ocorre então um certo tédio em perceber, que as vezes meu pensamento viaja, viaja e só consegue chegar a lugares onde já estive antes.

Sobre certezas

Sorte têm os fabricantes de capas e guarda-chuvas, eles sabem, que para sempre, ainda irá chover.


De resto não há certeza em nada.

terça-feira, 22 de março de 2011

Prevenção e água benta

Mesmo sendo um pouco incômodo, é necessário agradecer ao universo quando este lhe manda um anjo, sussurrar-lhe no ouvido, coisas que você precisava ouvir.
Antever fatos, é por vezes, antecipar uma dor. Mas ajuda a estar preparado quando o momento real chega e bate à sua porta.
Até lá, prudencia e prevenção nunca é demais.

Incompetente

Era tão incompetente que nem sofrer eu sabia sofrer direito.
Nisso já melhorei muito.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Bem guardado

Guardo o que me é bom.

Fico com as lembranças das cores, dos aromas agradáveis,
dos momentos de beleza quase tangíveis.
Mesmo nos vasos mais lindos e caros todas as flores
um dia emurchecem.

Guarde o que lhe é bom.


Imaturo

Era criança e pensava:
         Quando eu crescer quero saber voar.
Hoje tenho uma certeza:
         Voar eu já aprendi agora só me falta crescer.

sábado, 19 de março de 2011

Não colou

   -Você mentiu pra mim?

   -Não, não menti. Eu nunca mentiria pra você. Você sabe que eu não minto, não é do meu feitio. Aliás, você também sabe, que eu detesto mentira. E olha, quer saber? Muito me admira você me perguntar uma coisa dessas, parece até que está me acusando. Que absurdo. Eu não tenho motivos pra mentir. Não preciso disso. 
   Você me conhece a muito tempo já. Que coisa! Eu? Mentir? Logo pra você? Nunca, jamais. Olha, o tamanho da minha indignação com você não se calcula viu? Me ofende muito isso, sabe? Essas coisas doem na gente. Poxa! E eu que sempre achei que a gente tinha um pacto de confiança, de falar tudo sem medo, sem frescura, você acha que eu precisaria mentir? Precisaria esconder qualquer coisa de você? Logo você que a pessoa com quem eu divido tudo? Precisava isso agora? Agora, já nem sei mais se eu, é que posso confiar em você. A gente nem conversa mais outras coisas. Você anda assim distante, longe, sei lá. Só faltava essa novidade agora de me tratar assim não é? Que feio. Que maldade. Que falta de consideração comigo viu?
   Eu posso não ter lembrado de falar, talvez, talvez não rolou oportunidade, quem sabe? E pra mim não era nada demais, coisa boba, achei que você não iria se importar, que não iria ligar. Até quase ia comentando outro dia isso com você, assim, na boa, nem sei por que não falei. Não era nada que eu precisasse esconder de você. Você ia ficar sabendo de qualquer jeito. Esqueci de falar, foi isso. Esqueci.

   -Você mentiu pra mim.


Dever de casa

A idade ensina,
o tempo ensina,
as quedas ensinam,
os exemplos ensinam.

O problema é que a gente insiste em não querer aprender.

quinta-feira, 17 de março de 2011

quarta-feira, 16 de março de 2011

Pensamento de jacaré

Me pego por horas a pensar em silêncio
como um velho jacaré em beirada de poço seco.
Será que morri e vivo o avesso da morte no viver?

Só saudade

Nada de novidade.
Pra todo o sempre,
Apenas de persistente,
Ficará a saudade.

Um ruido sem jeito
Da alma dizendo no peito
Pra onde quer voltar.

Gana



Por vezes tenho ganas

De ser a chibata e não o lombo,
De pisar covas com os cascos,
De morder o vento e arrancar-lhe a língua
E usar as mãos como garfos.

De ser o erguer e não o tombo,
De empurrar o mundo aos trompaços,
De abater um anjo e deixar-lhe a míngua
E usar baionetas como braços.

Mas não há ódio nesse sentir
É pura raiva represada,
É o puro calar e o engolir
Diante da bofetada.


sábado, 5 de março de 2011

Sorrir

Se havia furtado o direito de não mais sorrir. Não que não por direito o destino pudesse ter feito assim. Mas o havia feito. E por isso não sorria.
Não por tristeza ou fraqueza de alegria, o que sentia, era só um não sorrir, nem à toa, nem por motivo algum. Passara a ser só um viver tanso vez que não havia cores no seu viver.
O velho, findado em espera, sentava-se à soleira da porta gasta, de tantos vais e vens, toda tarde, por todas tardes e tardes, como se noites não houvesse.
Um dia seria um último sentar, um último fumar, um último desejar não sentir tanta falta, tanto vazio, tantos senões. Um dia viria um vento da praia e lhe sussurraria ao pé do ouvido “Vem, vem” .
Dali ao ocaso seria um passo. Mesmo ainda sóbrio se deitaria atendendo ao vento e então morreria.
Mas, ainda sem sorrir, por fim, descansaria.



Descompasso

   Vejo que há um novo sorriso tatuado em sua cara, vejo um relevante e significativo brilho no seu olhar.       Vejo que as rugas sumiram, que o choro acabou, que há esperança nos seus pensares íntimos. Percebo a luz que você agora irradia e a calma, alento suave de criança no choco. Sinto uma nova e vivaz energia pulsando, sinto a alegria de você assim, se ser em si.
   De se mostrar e conquistar e seduzir sem culpa. De ser a nova você. Só sua e de tantos novos seus.Percebo sim.
    Até por que são tão também só seus esses novos atributos, são tão suas as novas maneiras e maneiros que mal a reconheço. E dito assim, não reconhecendo você, também não reconheço traço sequer de mim em você. Não nos seus gestos, não nos seus modos, não nos seus planos.
    Não mais me vejo uma parte sua vez que não há mais o nosso.
   Que seja então você o que é agora, que seja a hora de você ser só você. Ao lento passo que eu, serei o mesmo eu, parte mim e parte você que agora parte num novo compasso.


Por ouvir

Oiço coisas no vento ditas pelo espinafrar de quem diz só por dizer.
Aí só oiço e oiço sem nada desdizer.
As vezes não reagir é sinal apenas de puro cansaço e não 
de sabedoria.